A Chaokoh não respondeu a um pedido de comentários sobre as inspeções de seus fornecedores de coco, mas em declaração publicada nas redes sociais em 10 de julho de 2020, alegou: “nossa empresa e nossos associados não apoiam o uso de mão de obra de macacos na colheita de cocos.” Afirmou ainda que, a partir de agora, as inspeções serão obrigatórias para todos os seus fornecedores.
Se os produtores de coco e fabricantes de derivados de coco não abandonarem o uso da mão de obra de macacos, mais consumidores e grandes varejistas podem exigir essa mudança, afirma Desamangalam, que acredita que os clientes ocidentais em especial buscarão alternativas não lácteas ao leite de coco, como leite de soja ou de amêndoa.
‘Absurdo’
“Praticamente todo o artigo original da Peta é um absurdo”, escreveu Arjen Schroevers, cuja esposa, Somjai Saekhow, é dona da escola de macacos ‘First Monkey School’, ao sul da Tailândia, por e-mail.
Schroevers, que chama a Peta de “organização vegana militante”, reitera que os macacos estão felizes com o treinamento. “Apreciam a atenção e gostam de trabalhar. Não há absolutamente nenhuma violência ou coação. Os diversos proprietários de macacos que conhecemos trabalham em silêncio com seus macacos. Sem gritar, sem bater neles.”
Schroevers negou que os dentes dos macacos sejam extraídos e explicou que os animais são transportados em gaiolas apertadas pela sua segurança. Em referência às filmagens da Peta, comentou que, quando estranhos com câmeras se aproximam dos macacos, os animais ficam ansiosos, o que torna “muito fácil tirar fotos de macacos parecendo assustados”.
Quando a Peta visitou a First Monkey School, que treina macacos para colher cocos e é aberta ao público por um ingresso de 150 baht, ou cerca de US$ 5, os investigadores documentaram macacos acorrentados se apresentando a turistas, macacos subindo em árvores para colher cocos diante de multidões e um macaco passeando com turistas em uma lambreta.
Obrigar macacos a colher cocos é errado, afirma Baker, mas ainda pior é “a solidão e o isolamento enfrentados em período integral por esses animais”. Ele considera “tortura mental” a retirada dos animais de suas famílias selvagens, sua manutenção ao ar livre em condições climáticas extremas e seu isolamento sem possibilidade de socialização. Estudos mostram que os macacos — assim como os demais primatas, incluindo a raça humana — são animais sociais que precisam da companhia de seus iguais.
“Gostaria que refletissem sobre a vida desses macacos, não apenas sobre seu trabalho na colheita do coco”, afirma ele.
Resgates de macacos
Diante das revelações sobre a exploração da mão de obra de macacos e das dificuldades financeiras devidas à pandemia de covid-19, alguns produtores de coco entregaram seus macacos a centros administrados pelo governo ou ao santuário Wildlife Friends Foundation, de Wiek.
Nos últimos meses, o santuário — que já contava com aproximadamente 300 macacos, mais de 40 resgatados de propriedades de coco — acolheu mais quatro e espera uma nova leva de animais em breve. Mais animais aguardam na lista de espera, mas a escassez de recursos devido à pandemia em curso impediu o santuário de aceitá-los neste momento, observa Wiek.