Provavelmente a maior ameaça, no entanto, seja o aquecimento das águas. O peixe-mão percorria uma área muito maior quando o clima era mais frio, diz Barrett. Agora, o aquecimento forçou muitas espécies, incluindo peixes-mão, alguns crustáceos, algas marinhas e muitos outros organismos marinhos que gostam do frio, a habitarem áreas cada vez menores. A Tasmânia é um ponto importante para o peixe-mão porque suas águas, embora quentes, são mais frias do que as do norte.
Mas isso está mudando à medida que a corrente oriental da Austrália, que varre a costa de Brisbane a Sydney, tem empurrado as águas mais quentes cada vez mais para o sul, diz Barrett. A temperatura do oceano na Tasmânia subiu quase dois graus Celsius desde 1900, de acordo com o Met Office Hadley Center for Climate Science and Services.
“É o conjunto perfeito de diferentes ameaças”, diz Edgar, e isso levou não apenas à extinção do peixe-mão liso, como também a uma “catastrófica perda de biodiversidade” ao redor da Tasmânia, com grandes declínios nas populações e áreas de vários peixes, moluscos, crustáceos, algas marinhas e outros organismos marinhos.
Tais declínios podem passar despercebidos até que seja tarde demais, pois seus habitats ficam submersos e fora de vista e porque há falta de dados sobre suas populações, diz Edgar — como no caso do peixe-mão liso.
Dados insuficientes
Existem planos de conservação estabelecidos apenas para três espécies: o peixe-mão vermelho, o peixe-mão manchado e o peixe-mão-de-ziebell, que estão criticamente ameaçados de extinção. Atualmente, o peixe-mão vermelho recebe atenção especial porque existem somente duas populações conhecidas, ambas perto de Hobart, e acredita-se que restem menos de cem adultos, conta Stuart-Smith.
Os planos para essas espécies enfatizam a necessidade de mais coleta de dados, prevenção da destruição do habitat e, em alguns casos, introdução de substratos artificiais para os peixes botarem seus ovos, em uma tentativa de substituir algas e ascídias (organismos filtradores em forma de tubo) que vêm sendo destruídas por estrelas-do-mar e ouriços-do-mar invasores.
“Para as demais espécies, não temos as informações e os recursos necessários para implementar estratégias de conservação”, afirma Stuart-Smith.
Como muitas espécies de peixes-mão são raras e difíceis de encontrar, também são complicadas de estudar. Mesmo assim, os pesquisadores continuam a procurá-las, usando novos métodos, como a busca de fragmentos de seu DNA no oceano. A pesquisa sobre reprodução em cativeiro também continua, diz Barrett, embora ninguém tenha conseguido fazer com que concluíssem um ciclo de vida completo em cativeiro.
“Apesar de serem peixes tão carismáticos e peculiares… sabemos muito pouco sobre eles”, lamenta Stuart-Smith.