Mais de 30 estudantes da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Cruzeiro do Sul coletam, diariamente, resíduos sólidos orgânicos produzidos no restaurante universitário e lanchonete do campus. O trabalho tem a finalidade de apresentar solução para o lixo orgânico, através da compostagem, que transforma o material coletado em adubo.
“É um projeto que pretende, não só trazer uma alternativa para o destino desses resíduos que outrora eram destinados somente ao lixo, mas também uma oportunidade para nossos estudantes e também comunidade aprender um pouco mais sobre as questões ambientais e de valorização e do impacto que o homem causa no meio ambiente”, disse o professor Kleber Andolfato.
O projeto, chamado “Transformando Lixo em Comida” foi idealizado por uma professora que observou em casa a quantidade de resíduos orgânicos que iam para o lixo. Foi aí que surgiu a ideia da compostagem que, compartilhada com os alunos dos cursos de agronomia, ciências biológicas, e engenharia florestal, deu bons frutos.
“Atualmente nós estamos em uma fase onde estamos coletando. Temos aqui no campus um ponto de coleta, onde a comunidade acadêmica é convidada a trazer os resíduos que tem em casa para esse projeto. Então, ele entra agora em uma fase muito bacana, porque permite que a gente traga a comunidade para aprender sobre o destino dos resíduos e o que pode ser feito com esse lixo”, afirmou Andolfato.
Sem recursos, os estudantes passaram a fazer mudas de plantas e vender dentro da própria universidade para custear alguns gastos e adquirir equipamentos. Hortaliças e plantas medicinais saudáveis e sem agrotóxicos são uma amostra do poder do adubo formado a partir da mistura dos resíduos.
Convite a escolas da rede pública
O projeto é executado há menos de um ano e já é referência, no Campus Floresta, de como lidar com lixo. Os envolvidos na ação querem ir além e levar a ideia para fora da universidade.
O projeto já está em uma nova fase e a intenção é repassar os conhecimentos a outras pessoas. O convite para conhecer a mágica de transformar lixo em comida foi feito às escolas da rede pública de Cruzeiro do Sul. E para os alunos que visitam o campus foi uma aula diferente.
Rômulo Kaique foi um dos estudantes que visitou o projeto. Com 11 anos, ele colocou a mão na massa e agora sabe como cuidar das plantas que tem em casa.
“Nós pegamos vários lixos, como casca de banana e maracujá com um pouco de pó de serra e formamos um adubo que nossos colegas usaram para plantar. Também aprendi que esse monte de lixo que eu jogava fora, agora posso reciclar”, explicou o estudante.
Papel picotado, casca de maracujá, banana estragada e outros resíduos foram utilizados na mistura. Maria Eduarda, de 10 anos, também ficou feliz com o que aprendeu, além de acompanhar todo o processo de compostagem, ela aprendeu a preparar o solo, plantou e regou. “Agora a gente pegou um monte de banana, maracujá e outras coisas que viraram adubo”.
Os alunos saíram felizes com as novas informações e mudas que ganharam. Mas quem também ficou feliz foi a acadêmica e voluntária do projeto Maria Sena, que pode compartilhar um pouco do que é a compostagem e contribuir com o meio ambiente.
“Quando eles chegam em casa, de certeza, vão contar para a mãe e o pai o que aconteceu e é isso que a gente quer. Que o projeto se alargue, que avance e tome espaço. Eles vão ser nosso futuro, e se a gente está ensinando agora, eles vão ser transformadores lá na frente. Por isso a importância de colocar eles para terem esse contato”, disse Maria.
Estudantes desenvolvem projeto que transforma resto de alimentos e adubo orgânico no AC