O mangarito é um alimento que já foi muito popular no Brasil, mas a baixa produtividade afastou os agricultores da atividade. Para resolver o problema, uma equipe da Embrapa desenvolveu um sistema de cultivo para recuperar essa tradição.
O produto lembra uma batata e é da família das aráceas e também é conhecido como mangará ou taiaó, na língua guarani. É uma planta nativa do Brasil e de outras regiões da América tropical.
Cultivado há séculos pelos índios, o mangarito é parente da taioba e do inhame. A parte mais consumida é a raiz, mas também é possível comer as folhas. Só que o cultivo não é dos mais fáceis.
Segundo o agrônomo Nuno Madeira, da Embrapa Hortaliças, o alimento caiu em desuso porque o tamanho era irregular demais e a produção não tinha volume comercial.
“É uma planta que dá um monte de batatinhas pequeninhas. É uma planta que tem também uma produtividade um pouco abaixo, quando a gente pensa por toneladas e hectares” explica Madeira.
Para superar esses problemas e resgatar o mangarito, há 5 anos uma equipe da Embrapa está estudando técnicas de cultivo da espécie. O objetivo é tornar a cultura mais produtiva e rentável.
O primeiro passo é a mudança da época de plantio de setembro para dezembro. O ciclo vai ficar mais curto, passando de oito meses, para apenas cinco. Assim, o mangarito vai ficar graúdo, em um formato mais uniforme. A ideia do método é fugir do excesso de chuvas na primavera.
Por ser uma planta rústica, as doenças são raras no cultivo, e produz melhor em solos leves, bem drenados e ricos em matéria orgânica. Geralmente a planta não precisa de irrigação, a dica é manter o solo coberto por uma palhada.
Em um hectare, dá para cultivar até 125 mil mudas. Cada canteiro tem entre 3 a 5 linhas de plantio. “Mais ou menos uns 25, 30 centímetros [de distância] um do outro” orienta Madeira.
Com mangaritos maiores e mais uniformes, o descarte caiu de 40% para apenas 10%, e a produtividade chegou a 30 toneladas por hectare, assim como o inhame.
O agricultor Divino Alves, que tem propriedade em Gama, no Distrito Federal, adotou cartilha de cultivo da Embrapa e está contente com o resultado. Nos últimos três anos, o mangarito se tornou um complemento de renda para ele.
Como o custo de produção é baixo, em torno de 20% do que se gasta com o cultivo da batata, por exemplo, o lucro é maior. Sem contar que o mangarito é bem mais valorizado no mercado.
“O mangarito a gente vende no varejo a R$ 20, e no atacado a R$ 15. A batata inglesa é R$ 6 no atacado e R$ 8 no varejo”, afirma.